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Abcdário Musical

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Erasmo Carlos


Biografia Erasmo Carlos

ERASMO CARLOS: UM BREVE PERFIL

Na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, o garoto Erasmo Esteves cresceu cercado por elementos que tornariam sua identidade musical singular. Já adolescente, fez destacar sua personalidade no meio de um bando de fãs de rock´n´roll e bossa nova que se reunia no hoje famoso Bar Divino, na Rua do Matoso. Tim Maia e Jorge Ben, ambos maníacos por música, faziam parte dessa turma. Logo depois, conheceu o capixaba aspirante a cantor Roberto Carlos, quando concerto de Bill Haley no ginásio do Maracanãzinho. Aquela visão do herói do rock americano em solo brasileiro abriu a mente de Erasmo: de volta ao bairro, formou os Snakes com os dissidentes de outro grupo local, os Sputniks - que encerraram atividades após lendária briga entre dois de seus integrantes, Roberto Carlos e Tim Maia
.

O grupo vocal de Erasmo estrelou algumas aventuras no underground do mercado musical, até ser contratado pela gravadora pernambucana Mocambo como "concorrentes" dos Golden Boys.
Na Mocambo, os Snakes gravaram um bolachão de 78 RPM e também um compacto duplo em 1960, antes de chegarem, por fim, a um único LP, “Só Twist”, pela CBS em 1961. Como nem nesta oportunidade o grupo alcançou o sucesso, seu final foi decretado.

Sem seu conjunto e sem a perspectiva de gravação como artista solo, Erasmo foi arranjar trabalho como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial - por intermédio de quem viria a tornar-se crooner do grupo Renato & Seus Blue Caps, em 1962. Com Erasmo dividindo os vocais com o baixista Paulo César, Renato & Seus Blue Caps publicaram seu primeiro LP para a Copacabana. Curiosamente, não muito depois, os Blue Caps acompanhariam o próprio Roberto Carlos na gravação de "Splish Splash", numa versão para o português feita por Erasmo. O sucesso do disco garantiu não só a contratação de Renato & Seus Blue Caps pela CBS, como também o nascimento da lendária parceria entre Roberto e Erasmo
.

Ao mesmo tempo, Erasmo - já com o nome artístico Erasmo Carlos - tornou-se versionista para diversos artistas. Isso, somado ao sucesso de suas parcerias com Roberto, o levou no final de 1964 até a gravadora RGE (mais direcionada à MPB e ao samba), para ser o nome do selo no já disputado mercado do iê-iê-iê. O pop-rock brasileiro, que começara com o rock´n´roll dos anos 50 e havia passado pelo twist do início dos anos 60, chegava ao iê-iê-iê naquele 1964 como um reflexo comportamental local à beatlemania. A Jovem Guarda agrupou as influências do pop britânico e ganhou popularidade definitiva a partir de setembro de 1965 - quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda. Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa
em São Paulo por três anos seguidos, o programa deu visibilidade para que Erasmo e Roberto se tornassem os principais nomes e também compositores da Jovem Guarda, com talento de sobra para garantir material de qualidade até para os colegas.

Em pouco mais de cinco anos na RGE, que se estenderam até o final dos anos 60, Erasmo gravou discos com acompanhamento dos amigos
Renato e seus Blue Caps, os Fevers, The Jet Black´s e The Jordans, além do Som Três de César Camargo Mariano. Com o fim do programa (e do movimento) Jovem Guarda, Erasmo mergulhou ainda mais na bossa e na MPB que vinha tangenciando ao longo dos anos. Ele, que havia composto para festivais e até gravado "Aquarela do Brasil" em 1969 -, voltou a morar no Rio de Janeiro e foi contratado pela PolyGram.

Naquele início dos anos 70, a gravadora formou um elenco invejável de MPBistas e lá Erasmo deixaria gravados discos que bem mesclaram suas raízes roqueiras com as tendências da MPB. Influenciado pelo movimento tropicalista e pela música negra americana, cravou seqüência antológica de discos durante toda a década de 70, como “Carlos, Erasmo...” (1971), “Sonhos & Memórias 1941-1972” (1972) ou “Pelas Esquinas de Ipanema” (1978). Tal fase desembocaria, já no início dos anos 80, em período de grande sucesso comercial, com os discos “Erasmo Carlos Convida...”
(1980), “Mulher (Sexo Frágil)” (1981) e “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor” (1982).

Após trabalhar mais esporadicamente durante a década de 90 (quando regravou antigos sucessos, participou de homenagens à Jovem Guarda e de discos-tributos vários), Erasmo adentrou o terceiro milênio contratado pela Abril Music. Em 2001, completou 60 anos e lançou seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”. "O melhor amigo do Rei recupera, enfim, o lugar a que faz jus", saudou a revista Época. "Erasmo ainda é demais para nossos pobres corações", deliciou-se a Folha de São Paulo. O show desse álbum foi lançado depois em CD e DVD: “Erasmo Ao Vivo”, que, além de registrar um momento histórico de um mito da música brasileira, ajudou a compor um painel de sua vasta obra – com um mini-documentário contando com depoimentos de
Erasmo, Rita Lee, Gilberto Gil, Wanderléa, Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Renato Barros e Roberto Menescal.

No final de 2002, os 40 anos de carreira de Erasmo foram comemorados com o lançamento da caixa “Mesmo Que Seja Eu” – contendo toda a sua discografia no período 1971-1988, recheada de material bônus raro e inédito. No ano seguinte, ao final do 10º Prêmio Multishow de Música, Erasmo foi o grande homenageado da noite – com um prêmio especial pelo conjunto da obra. Nos últimos meses Erasmo vem estabelecendo parcerias novas com amigos como Roberto Frejat e Max de Castro, e para este 2004 preparou e já está lançando o novo CD “Santa Música”. De fato o mais autoral dos discos de Erasmo, este novo trabalho traz músicas feitas somente pelo Tremendão e foi produzido por Marcelo Sussekind. Com sua capa provocante e uma sonoridade moderna sem deixar o lado bom do som vintage, o novo trabalho confirma o que todos já perceberam nos últimos ano: Erasmo Carlos entrou no novo milênio com toda disposição, e – para a felicidade de todos – com o bom humor e a inteligência que sempre lhe foram peculiares.

Biografia II-

Parceiro cativo de Roberto Carlos (praticamente todas as músicas que lançam são assinadas em dupla) e um dos grandes roqueiros brasileiros, o carioca Erasmo Carlos começou carreira musical em 1958 cantando no grupo The Sputniks, do qual ainda faziam parte Roberto, Tim Maia, Arlênio Lívio, Edson Trindade e China, todos integrantes da turma roqueira da Rua do Matoso, no bairro da Tijuca. Sem Tim, os Sputniks viraram The Snakes – mais tarde, perderiam Roberto também. O resultado é que, em 1962, Erasmo estaria cantando no grupo Renato e Seus Blue Caps, com quem gravou LP homônimo. Seu primeiro grande sucesso viria em 1964, já em carreira solo: “Festa de Arromba”, composta em parceria com Roberto. No ano seguinte, Erasmo, seu parceiro e a cantora Wanderléa foram convidados para apresentarem o programa de auditório da TV Record Jovem Guarda, catalizador de toda aquela música jovem que estava sendo feita no Brasil. Rebatizado de “O Tremendão”, Erasmo iniciou uma longa fileira de sucessos: “Você Me Acende”, “Gatinha Manhosa”, “Terror dos Namorados”, “Vou Ficar Nu Para Chamar Sua Atenção”, “Minha Fama de Mau”, “Estou Dez Anos Atrasado”, “Vem Quente Que Estou Fervendo”, “Coqueiro Verde”, “Sentado à Beira do Caminho”, entre outros. Ator nos filmes “Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa”, “A 300 km por hora” e “Os Machões”, ele gravou nos anos 70 importantes LPs, como “Sonhos e Memórias – 1941-1972” (das músicas “Mané João” e “Mundo Cão”) e “1990 – Projeto Salvaterra”, dos hits “Sou uma Criança, Não Entendo Nada” e “Cachaça Mecânica” (de surpreendente êxito no mercado holandês). Voltaria ao sucesso esporadicamente nos anos 80, com as músicas “Mulher” (parceria com a mulher, Narinha), “Mesmo Que Seja Eu”, “Pega na Mentira” e “Close”. No final dos anos oitenta, Erasmo regravou sua “A Carta” em dueto com Renato Russo, da Legião Urbana. Em 1997, foi homenageado junto com Roberto Carlos pelo conjunto da obra, no XVII Prêmio Shell para a Música Brasileira.

Depoimentos:


Se Roberto & Erasmo são nossos Lennon & McCartney, então certamente Erasmo é nosso John Lennon. Ele é o cara que nunca fez muita questão de agradar aos outros, é o junkie, o cara da bebedeira, o anti-herói, enquanto o Roberto é aquela coisa mais certinha. Até por isso, sempre achei Erasmo o mais simpático. Até por não ser um erudito, a obra do Erasmo é mais intuitiva. Mesmo as músicas mais divertidas, como "Pega na Mentira" reforçam esse lado dele, mais humano.

SAMUEL ROSA, Skank


Roberto Carlos é o rei Arthur, Erasmo é Lancelotte e, se Wanderlea não houvesse chegado primeiro, eu adoraria ter feito o papel de Guinevere! Estou louca para ouvir o novo disco do Cavaleiro Encantado. Erasmo já estava fazendo falta aqui nas bandas e bundas da MPB! Sempre gostei do Rei, mas Erasmo foi meu muso inspirador quando disse que roqueiro brasileiro tem cara de bandido! Longa vida a Lancelotte!


RITA LEE


Eu cresci ouvindo as músicas do Erasmo. Já cantei várias delas que já fazem parte da minha história e da história de todos os brasileiros, de várias gerações. Quando ele foi ver meu show, era um sonho. Eu disse pra ele: "Eu quero fazer uma música com você. Erasmo se adiantou mandando um CD-R pra mim". Aí nasceu "Mais Um Na Multidão.


MARISA MONTE, para o programa Nação MTV.


O Erasmo parece uma rocha que fica na beira do mar. Quando a gente olha, ama imediatamente.


CAETANO VELOSO


Tenho uma lembrança afetiva de Erasmo vinda de quando eu era criança, do convívio e da presença dele na minha infância. De sde então, admiro seu trabalho e, como muitos, prefiro sua fas e soul (na virada dos anos 60 para os 70), já que é próximo do que faço. Mas há tantas canções que ele fez com Roberto Carlo s, como "Sentado à Beira do Caminho", que me acompanharão para sempre. Erasmo é o ícone da boa música pop.


WILSON SIMONINHA


Pra falar a verdade, o Erasmo e a Jovem Guarda nunca foram grandes influências na minha carreira. Sempre curti mais um samba, fui mais para esse lado. Mas é inegável que essa geração foi a responsável por trazer o rock para o Brasil, a importância deles é enorme. O fato de a minha música, "Pra Falar de Amor", ter entrado no novo disco do Erasmo e ainda ter se tornado a faixa título foi uma coisa surpreendente para mim. A gente nem se conhece pessoalmente. O que aconteceu foi que eu fiquei sabendo que ele estava querendo gravar músicas de artistas mais novos e, sem a menor pretensão, gravei essa música em um MD, apenas voz e violão, uma coisa bem relax. Mandei por mandar mesmo. Quando fiquei sabendo que ele gostou, e que ia incluir no disco, fiquei extremamente lisonjeado, foi uma grande honra para mim. Esse é um belo exemplo de que o chavão "a música é a linguagem universal" é muito verdadeiro. A música pode aproximar gerações diferentes, que tem influencias diferentes, e criar contatos que poderiam até ser considerados improváveis. Tentei falar com ele para agradecer tudo isso, mas ainda não consegui.


MARCELO CAMELO, Los Hermanos


Quando nasci, Deus me deu três irmãos maravilhosos: Carlinhos, Laurinho e Norma. Quando eu cresci, aos 16 anos, Deus me deu mais um irmão maravilhoso, que é o meu amigo primeiro, meu parceiro, Erasmo Carlos. É difícil encontrar as palavras para falar exatamente o que ele é. Ele sempre é melhor do que a gente pode dizer. Erasmo e eu somos amigos há mais de 40 anos e durante esse tempo nossa amizade tem sido cada vez maior e nesse tempo trabalhando juntos, sendo amigos como somos, nunca tivemos uma discussão, uma coisa pela qual a gente se desentendess e. E sempre é cada vez maior esse respeito entre nós.


ROBERTO CARLOS, durante entrevista ao Domingão do Faustão, em 1996.


Fonte:www.erasmocarlos.com.br

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